Naquele dia
não foi como habitualmente.
As aves despertaram
aos primeiros raios de sol
e permaneceram mudas, deslumbradas
perante a magnificência
do espetáculo do nascimento do astro-rei.
Finalmente soltaram o seu canto
inaugural, veemente, hínico
e empreenderam altos voos de regozijo
pelo esplendoroso dia.
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Em terra,
as pessoas também emudeceram
ante a beleza raríssima da aurora dourada.
A grandiosidade da natureza comoveu-as.
Lembrando Deus Criador e mormente
suas antigas e ainda duras lutas
para que todos em equidade
tenham o direito de conquistar
um lugar em pleno sol,
sentiram-se privilegiadas
por participarem
desses momentos sublimes.
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De certo modo,
algo compensadas
pela sina de laborarem
na madrugada.
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MajoDutra
'Nascer do Sol em Lisboa', pintura de Ivan Aivazovsky